terça-feira, novembro 09, 2010

Negrume

Vivo preso no luto da tua ausência… Ausência tantas vezes por mim imposta.

Da dor do teu sofrimento, alimento o meu próprio sofrimento. Da inabalável vontade de estar contigo, surge a força que me aviva a cada dia…

Vagueio, meio perdido, pela calçada da cidade que me viu crescer… calçada de negro basalto que fez esta ilha surdir no Atlântico a fogo e fúria das entranhas da Terra… calçada negra como a minh’alma que em silêncio sofre pelo teu sofrer.

Será esta a sina desta triste criatura por Deus colocada na Terra? Será ao Homem tão difícil a compreensão do amor no que tem de mais essencial? Interrogações… reticências… é tudo o que sou neste momento!

Mas não se julgue isto o lamento de um Homem triste a dar o último passo rumo ao abismo… São antes projecções de uma alma que sofre, como todas aquelas que realmente se encontram vivas, e de um coração que ama, com tudo aquilo que tem para dar.

Tu que alimentas o meu ser com a simples memória de ti… Tu que és a estrela que mais brilha no meu céu nocturno… A ti que mais amo, que mais és e mais quero que sejas na minha vida… A ti entrego o meu amor, ainda que em tempos conturbados estes pareça apenas uma miragem ou um resquício daquilo que foi…

A ti, o meu eterno amor!

Eros

quarta-feira, outubro 27, 2010

Na bruma

O dia nasceu lúgubre hoje… esta ilha envolta em névoa faz-me descer ao recôndito mundo dos meus sentimentos...

Da minha janela, mar e terra parecem indistintos na extensão do nevoeiro… alma e corpo indistintos no turbilhão dos sentimentos.

O sol faz-se sentir para lá de todo o conflito dos elementos, contudo, os seus raios não me alcançam a face… esta face de carregado semblante que desvanece até o mais harmonioso fenótipo...

Sopra uma brisa que sussurra qualquer coisa nos meus ouvidos, julguei ouvir-te…

Deste miradouro que é a janela do meu quarto, sinto o inconfundível aroma da maresia… e sim, começo a despertar, saindo do transe que a abstinência da luz da estrela mãe causa em mim… há tanto mais para me fazer sorrir.

Rasgam-se-me os lábios e baixo a cabeça, com aquele ar de embaraço comigo mesmo…

Sorri, estás em mim e eu em ti... sempre!

Eros

quinta-feira, outubro 07, 2010

Desassossego

Será que só sinto necessidade de escrever quando a minh’alma se encontra perdida no limbo da incerteza? Será que só a dor desperta em mim este ímpeto de rasgar a tinta o papel virginalmente branco?

Não sei… hoje sinto o turbilhão das ideias. As palavras querem sair a uma velocidade superior àquela que a minha razão consegue racionalizar, a uma velocidade imensamente superior àquela que os meus longos e alvos dedos conseguem transpor para esta sebenta…

Nem sei o que escrevo, ou porque o escrevo, mas escrevo…

Voltei!

Eros